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6.01.2009

CONVITE

O Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) tem a honra de convidá-lo para participar do II Encontro de Estudos de História em Debate, no dia 02 de junho de 2009, das 14h às 17h, promovido pelo Departamento de Teologia e História, coordenado pelo professor Rev. José Roberto de Souza.

TEMA: O PROTESTANTISMO NA PESQUISA ACADÊMICA: ABORDAGENS E PERSPECTIVAS TÉORICO-METODOLÓGICAS.

Prof. Cláudio Roberto de Souza

A palestra tem como objetivo compreender um pouco da forma como a Academia aborda o protestantismo, a partir da identificação dos principais temas de pesquisa e das linhas teóricas e metodológicas que são utilizadas, principalmente nas Ciências Humanas. O debate é uma oportunidade de conhecer melhor e refletir sobre a presença do protestantismo como objeto de pesquisa nos cursos de pós-graduação.

Prof. Cláudio Roberto de Souza

É graduado em História pela Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata/UPE (1993); Especialista em História do Nordeste pela mesma faculdade (2003). Tem experiência na área de docência com o Ensino Médio e Superior. Foi professor substituto na UFRPE, lecionando História da América e História de Pernambuco. Atualmente, cursa Direito e o Mestrado em História, ambos na UFPE. É membro da Igreja Presbiteriana de Rio Doce.

TEMA: OS PROTESTANTES E A POLÍTICA BRASILEIRA: UMA ANALISE DO DISCURSO ANTICOMUNISTA.

Prof. Paulo Julião da Silva

A palestra tem como objetivo analisar e compreender a participação (mesmo que não partidária) dos protestantes do Brasil na política em meados do século XX. Observando que a expansão do comunismo no mundo trouxe impactos no meio protestante, os ouvintes terão a oportunidade de conhecer melhor e refletir sobre a temática que ainda é pouco explorada na academia e nos seminários evangélicos espalhados pelo país.

Prof. Paulo Julião da Silva

È graduado em História pela Fundação de Ensino Superior de Olinda (2004); Especialista em Ensino de História das Artes e das Religiões pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2006). Atualmente está cursando o Mestrado em História Social da Cultura Regional na UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco). Como profissional atua lecionando História na Escola Monsenhor Arruda Câmara. É membro da Igreja Batista.

João 1: 1, 14

“ PRÓLOGO DE JOÃO: UMA MENSAGEM ESSENCIAL DO SEU EVANGELHO”.

“Vs. 1 - No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Vs. 14 - E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” – Edição Revista e Atualizada.

Não é desproposital que o evangelista inicia seu evangelho da mesma forma de Gênesis. No texto veterotestamentário, “no princípio” inicia a história da primeira criação; em João 1.1 a expressão inicia a história da nova criação de Deus, uma criação que seria restaurada pela obra de Cristo. Outrossim, nas duas obras criacionais o agente ativo é a Palavra de Deus. Portanto, o evangelista ao usar esta expressão: No princípio,nos arremete para o fato de que quando o universo fora criado, o Verbo divino que o trouxe à existência já estava ali. O status pessoal que ele atribui ao Verbo tem a ver com existência real; a relação que o Verbo tem com Deus é de pessoa para pessoa: O Verbo estava com Deus (F. F. BRUCE, Comentário de João, Vida Nova, pp. 33-36). Portanto, quando céu e terra foram criados, o Verbo de Deus já estava lá, numa relação íntima com o Deus criador e fazendo parte da Sua essência.

Do ponto de vista do estilo, o prólogo de certa forma salienta-se, ficando {a parte do resto do texto. A repetição de certas palavras-chaves, que também aparecem ligadas, dá certa dignidade e solenidade aos doze primeiros versículos (MICHAELS, Comentário de João, Editora Vida, p. 29).

O versículo 14 traz uma mudança sutil de pensamento; este verso funciona como um divisor das águas no primeiro capítulo deste evangelho e, também, como uma introdução de toda a obra cristológica que vem a seguir. O texto - 14a - é muito semelhante ao final do verso 1 quanto a sua forma gramatical. No fim do vs. 1 encontramos uma estrutura composta por uma conjunção, um nominativo, um verbo e um nominativo seguido de artigo - kai. qeo.j h=n o` lo,goj (kai Théos en hó Logos - e o verbo era Deus). No verso 14a temos a mesma estrutura: uma conjunção, um nominativo, um verbo e um nominativo seguido de artigo (embora não apareçam na mesma ordem) - Kai. o` lo,goj sa.rx evge,neto (kai hó Lógos sarks egeneto - e o verbo se fez carne). Neste primeiro versículo temos a eternidade do lo,goj, sua relação com o Pai e sua divindade. A diferença entre os versos um e catorze não está a quem se referem, pois os dois falam da mesma pessoa, mas na ênfase dada; No vs 1 a ênfase recai sobre a divindade do lo,goj. Este Lógos é o próprio Deus.

NO vs. 14 o lo,goj , descrito por João no verso 1, é o Deus que se fez carne - o` lo,goj sa.rx evge,neto (hó Lógos sarks egeneto - e o verbo se fez carne). João nos apresenta o Deus-Conosco, o Emanuel, o Deus-homem, o Deus de carne e osso. A ênfase agora está na humanidade do lo,goj. Ao fazer isso, João ataca, violentamente, mas de forma sutil, a idéia gnóstica, expressa pelo docetismo, de que Cristo tinha apenas a aparência de homem, mas que não tinha corpo físico, real, de um homem.

A encarnação do lo,goj (que é Cristo) não se refere apenas ao seu nascimento, mas a toda sua vida enquanto esteve entre nós e na sua condição de eterna encarnação, ou seja, Cristo, continua existindo, até hoje, com a mesma natureza humana (cf. At 1: 6-11; Ap 1: 7) e nesta condição continuará existindo por toda a eternidade. A encarnação definitiva de Jesus é o próprio Deus manifestado na carne: E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne... (1Tm 3.16a, Texto Bizantino).

Esse fato de se manifestar na carne nos remonta para o ato de Deus se fazer presente no meio de seu povo no deserto, porém não fisicamente como Jesus. João ao escrever “... habitou entre nós...” faz uso da palavra grega (evskh,nwsen – eskénosen) cujo substantivo se deriva de uma palavra que quer dizer tenda, fazendo, assim, uma alusão ao passado do judeu onde o seu Deus veio habitar no meio deles enquanto peregrinavam pelo deserto.

Dessa maneira, a presença de Deus conduzindo o seu povo no período mosaico é testemunhada e lembrada na pessoa física do lo,goj, mostrando que o Deus do AT presente no meio daquela congregação é o mesmo Deus que se revelara por meio da encarnação do Senhor Jesus Cristo; e este Lógos encarnado vela e manifesta a glória de Deus como nos diz o restante do versículo - ...vimos a sua glória. Entretanto, essa glória não era uma visão como foi no caso de Isaías e na transfiguração, por exemplo. Mas João e alguns de seu tempo puderam ver a glória de Deus, através de Jesus, numa série de eventos a partir de seu nascimento, batismo, morte, e até sua ressurreição.

O próprio evangelista, ao escrever sua primeira epístola universal, capítulo primeiro e verso 3a, testifica deste fato quando diz: kai. h` zwh. evfanerw,qh kai. e`wra,kamen kai. marturou/men (kai He zoe efaneróthe kai eorákamen kai martyrumen - Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos…). O verbo e`wra,kamen (eorákamen) traduzido por vimos – encontra-se no Perfeito Indicativo Ativo cuja qualidade da ação quer dizer algo que aconteceu no passado e tem a sua validade ainda para o tempo presente. Com isso, João diz que eles viram o lo,goj encarnado e o testemunho que tem sido dado pela igreja no presente se baseia nesta verdade. Deus se encarnou, continua encarnado em Cristo e o testemunho deste mistério era, continuamente, pregado. O verbo marturou/men (martyrumen - testemunhar) encontra-se no Presente do Indicativo Ativo, o qual indica uma ação, preferencialmente, linear, contínua. Sendo assim, a proclamação contínua da realidade da encarnação do verbo era o conteúdo da pregação apostólica.

Para ratificar esta mensagem, João se utiliza de um empirismo teológico. Ele começa o verso de número 1, do capítulo 1, da primeira epístola de João, com a seguinte frase: ai` cei/rej h`mw/n evyhla,fhsan peri. tou/ lo,gou th/j zwh/j (hai chereis hemon epseláfesan peri tu logu tes zoes – e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida). O verbo evyhla,fhsan (epseláfesan - traduzido por apalparam) encontra-se no Aoristo Indicativo Ativo, mostrando uma ação pontilear, uma ação vista como um todo, completa e definitiva, pois não se repete. Sendo assim, João quis dizer que, enquanto o lo,goj – encarnado para sempre – esteve no meio deles, verdadeiramente, as próprias mãos dos apóstolos tocaram, fisicamente, o lo,goj de Deus, o unigênito do Pai (monogenou/j para. patro,j – monogenus pará patrós).

Esta frase monogenou/j para. patro,j é mais do que uma simples metáfora. Jesus não recebe uma glória como se fosse apenas o unigênito do pai, mas a recebe porque ele reflete plenamente, ou melhor, perfeitamente, essa realidade.

O termo unigênito (monogenh,j) não focaliza apenas o seu nascimento, mas enfatiza o fato de ser ele o objeto do amor do Pai. Há entre o Deus-Pai e o Deus-Filho uma relação filial diferenciada de tudo que temos e conhecemos em relacionamentos, humanamente, falando. É uma relação de Deus com Deus; uma relação entre pessoas da mesma essência. João tem a intenção de fazer uma distinção entre o relacionamento exclusivo de Jesus com o Pai e entre aqueles que viriam a ser filhos de Deus por meio dele. João nos mostra que Cristo se relaciona direto-intimamente com o Pai e os demais filhos de Deus se relacionariam com o Pai, mas por intermédio de Jesus Cristo, o mediador desta relação.

A expressão monogenou/j é empregada com o mesmo sentido, por assim dizer, da palavra amado (avgaphto,j – agapetós) nos evangelhos sinóticos por ocasião da voz que veio do céu dizendo: “...Este é o meu Filho amado...” (Mt 3.17; Mc 1.11; Lc 3.22). João dá o testemunho que a partir da encarnação do lo,goj, ele, João, e os outros que estavam presentes naquela ocasião, viram a glória de Deus, em Cristo Jesus. Uma glória que só Cristo poderia ter e poderia expressá-la. Uma glória única.

Para concluir, nesta parte do evangelho de João chamado: prólogo, encontramos a divindade e a humanidade de Cristo descritas nestes dois versos. O versículo que faz a separação das narrativas entre essas duas naturezas (Divina e Humana) é o vs. 14. Antes do verso 14 temos a ênfase na divindade de Jesus e depois deste versículo a ênfase é na humanidade de Cristo; e no restante do livro joanino toda esta parte (o prólogo) pode ser vista, revelando a Pessoa de Cristo como o Deus-Homem. Como bem disse Champlin: “Este vs. 14 faz parte integral da seção que cobre os versículos catorze a dezoito, e que serve de coroa da doutrina do Lógos, parte essa que contém a mesma mensagem essencial do evangelho inteiro de João (CHAMPLIN, R. N. O NT Interpretado Versículo Por Versículo. 1998, p. 272)

Isso nos traz algumas implicações para a nossa vida :

1. Com relação a aquilo que muitas vezes nos assalta – o nosso sofrimento – podemos descansar e confiar em Cristo porque ele sabe exatamente o que é padecer, pois experimentou, no seu próprio corpo, todas as nossas mazelas físico-emocionais porque se fez carne e habitou entre nós;

2. Como Deus-Homem ofereceu um perfeito sacrifício a Deus-Pai em favor dos seus eleitos, a tal ponto de poder dizer para o próprio Deus, nos momentos finais de sua vida, pregado naquela cruz: “Está consumado”. Tudo que era necessário fazer para o eleito receber a salvação foi feito e sem falta alguma;

3. Como Deus-Homem oferece uma perfeita intercessão por seus eleitos diante de Deus-Pai; o nosso Sumo-sacerdote, diariamente, advoga as nossas causas perante Deus-Pai que nos ouve as orações e nos abençoa mediante Cristo Jesus;

4. O amor de Deus-Pai, por seus filhos, se evidencia no amor que ele tem por seu eterno Filho Jesus. O amor de Deus jamais acaba;

5. A encarnação, definitiva, de Cristo serve de base para a nossa contínua pregação do evangelho. Nós pregamos aquilo que Jesus fez por nós, desde a sua encarnação até a sua morte, ressurreição e ascensão aos céus.

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